segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Sargento Ewaldo Meyer - criador do desenho da cobra fumando (Força Expedicionária Brasileira)


Nasceu no Rio de Janeiro-RJ (na época Distrito Federal) em 21 de setembro de 1925, numa família de 4 irmãos. Teve uma infância e juventude muito tranquila, sendo seu principal divertimento frequentar praia e visitar museus e locais históricos. Seu pai tinha uma indústria de tintas e sua mãe era do lar.

Com 18 anos de idade foi convocado para o serviço militar (na época era menor de idade). Foi um choque ser convocado, pois o Brasil estava em guerra com o Eixo. Foi se apresentar numa unidade em Duque de Caxias, onde recebeu o uniforme e as primeiras instruções (marcha, tiro, doutrinação militar). Foi transferido para um batalhão de engenharia, em Triagem, onde havia vários catarinenses. Posteriormente foi para um batalhão de guarda, na antiga avenida Pedro Livo. Era um batalhão momentâneo a fim de distribuir as tropas.

Na rua São Francisco Xavier estava pronto para o embarque o QG da Força Expedicionária Brasileira, e para lá o jovem Ewaldo foi. Era dirigido pela 3ª sessão do Estado Maior, cujo chefe era o então coronel Humberto de Alencar Castello Branco. Ficaram por ali alguns meses organizando as funções e embarcaram em 2 julho de 1944 no 1º escalão. Mas em vez de ir com o coronel Castello Branco, ele foi junto ao general Zenóbio da Costa. Durante a viagem, o navio ia ziguezagueando para despistar possíveis torpedeamentos alemães, e também eram feitos exercícios caso houvesse ataque, o que assustavam muitos militares ali, pois era uma simulação real. Depois de 15 dias de navio, desembarcaram em Nápoles.


Para um jovem de 18 anos, vindo da beleza do Rio de Janeiro, foi um choque ver a cidade de Nápoles praticamente em ruínas, navios destruídos, incêndios. Os soldados foram para um terreno onde havia um vulcão extinto, próximo ao porto, onde viam os outros navios chegando e bombardeios dos alemães. Depois, foram de caminhão para Tenuta di San Rossore, próximo à Pisa. Havia uma anedota que alemães vestiam-se de mulher para infiltrar-se nos campos brasileiros e sequestrar soldados.

Ewaldo foi colocado à disposição do general Zenóbio. Logo depois junta-se a eles o coronel Castello Branco com a 3ª sessão e o general Mascarenhas assume o comando geral da FEB, na 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária, tropa do QG, que ficava em Porreta Terme, na região da Emilia Romanha. A função do sargento Ewaldo era registrar em mapas todas as movimentações das tropas e as diretivas de combate. A FEB recebia as orientações do 4º corpo do V Exército dos EUA. Foi ali em Porreta Terme que nasce o famoso desenho da cobra fumando, emblema da Força Expedicionária Brasileira. O próprio Ewaldo nos conta essa história (assista ao vídeo abaixo):


O QG fica em Porreta Terme até a batalha de Monte Castelo ser finalizada (fevereiro de 1945); com o recuo dos alemães, o QG é transferido várias vezes para várias localidades, até chegar em Alessandria, onde ocuparam o local que tinha sido o comando alemão na Itália.

Sargento Ewaldo é o primeiro da direita para a esquerda


Ficou marcado para o jovem Ewaldo o clima de destruição e morte, e como trabalhava no QG, as constantes informações sobre perdas de militares. Perdeu dois amigos que tinham acabado de chegar do Rio em um bombardeio ao lado do QG.



Viveu no coração da guerra, justamente pelo contato com os altos oficiais brasileiros e norte-americanos. Segundo ele, os comandantes eram sérios e compenetrados na missão, somente o major Luiz Mendes da Silva era mais comunicativo.

Após o retorno ao Brasil, durante um passeio em São Paulo, foi indicado pelo major Luiz para ir até a Escola Técnica de Aviação falar com o irmão dele. Acabou arranjando emprego e foi trabalhar na sessão de manutenção das aeronaves. Depois, dois instrutores da escola convidaram Ewaldo para trabalhar com eles numa firma de importação de peças de automóvel. Nesse meio tempo conheceu sua esposa Nair Verzola (nascida em 23 de maio de 1923 em Dobrada-SP), que era nutricionista no Hospital das Clínicas de São Paulo. Tiveram 3 filhos: Ney, Elcio e Marcio. Reside no bairro Jabaquara, em São Paulo.

Ewaldo e sua esposa Nair


A ele nossa gratidão por ter participado da luta pela democracia e liberdade dos povos!


2 comentários:

  1. Meu sogro natural de Santa Cruz da Conceição e domiciliado em Pirassunga foi pra Itália. Costumava relembrar os tempos da guerra com olhos cheios d'água. Alguns de seus penterces, boina com botom da cobra fumando, mapa de Minte Castello, medalha e livrinho de orações estão com seus filhos. Ele viveu até início de 2000. Tenho algumas fotos dele como soldado e depois como veterano.

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  2. Obrigado por sua coragem, seu coração verde e amarelo contagia o nosso!!

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