domingo, 14 de fevereiro de 2016

Chiara Corbella Petrillo e Maria Chiara Mangiacavallo: duas mulheres unidas pela cruz

            

                História de pessoas que foram até o fim levando grandes cruzes nos causam espanto, mas também brilho nos olhos. Contarei aqui a história de duas jovens italianas que foram até os últimos dias sem renunciar a seus valores e dando um testemunho de grande amor a Deus e a seus próximos.


Chiara Corbella Petrillo


            Nascida em janeiro de 1984, numa família devotamente cristã, desde cedo era levada a participar de eventos da Igreja. Com tinha 5 anos, sua mãe começou a participar da comunidade Renovação no Espírito, levando Chiara e sua irmã.
            Numa peregrinação em Medjugorje, com 18 anos, Chiara conheceu Enrico Petrillo e depois de alguns meses começaram a namorar. Com 4 anos de namoro houve um término, mas o amor dos dois ainda era forte, e reiniciaram o relacionamento agora com o acompanhamento de um diretor espiritual, um frade franciscano de Assis. Em setembro de 2008, Chiara e Enrico casaram-se.
Casamento de Chiara e Enrico

           Pouco tempo depois, Chiara engravidou. Era uma menina. Escolheram o nome de Maria Grazia Letizia. Um tempo de gravidez e, durante uma ultrassonografia, descobriu que sua filha tinha anencefalia. A despeito de todas as recomendações, inclusive de alguns médicos que disseram para abortar a criança, Chiara e Enrico decidiram manter a gravidez. Em 2009, Maria morreu 30 minutos após o nascimento, tendo ainda recebido o Batismo.
           Alguns meses depois, Chiara novamente engravidou. Agora era um menino, Davide Giovanni. Uma ultrassonografia constatou que faltavam as pernas do menino. Novos exames, também faltavam-lhe os rins e uma má formação visceral. O casal decidiu seguir com a gravidez. David morreu 37 minutos depois de nascer, e assim como sua falecida irmã Maria, recebeu antes o sacramento do Batismo.
            Novamente Chiara engravidou, e, para a surpresa de todos, o menino era saudável. Francesco seria seu nome. Mas a família teve de enfrentar a sua maior cruz.
           
Chiara em  estado terminal com seu filho
Francisco
            Chiara teve uma pequena afta na língua, a qual não deu muita importância. A ferida se desenvolveu e procuraram exames. Biópsia. Veio então o diagnóstico: câncer. Somente depois do parto de Francisco é que Chiara pode iniciar os tratamentos quimioterápicos e de radioterapia, pois seus pais queriam dar todas as condições para o menino nascer, mesmo que a vida de Chiara estivesse sob risco. O menino realmente nasceu saudável, mas a saúde de Chiara só iria despencar.
            No final de sua vida, Chiara, que já tinha perdido um olho devido ao avanço do câncer, ainda conseguiu fazer uma nova peregrinação a Medjugorje em abril de 2012 junto com Enrico e o pequeno Francesco. Morreu em 13 de junho de 2012, aos 28 anos. Seu funeral, em 16 de junho, reuniu mais de 2000 pessoas na Igreja Santa Francisca Romana. Todos os anos, em 13 de junho, há uma missa em sua memória na Itália. Seu testemunho de fé contagia muitos jovens e sua história já é comparada a de Santa Gianna Beretta Molla.



Alguns momentos do funeral de Chiara




Maria Chiara Mangiacavallo


            Nascida em Sciacca, província de Agrigento, Itália, em 7 de dezembro de 1985. Formou-se em Contabilidade no ano de 2004 e decidiu continuar seus estudos na Universidade de Palermo para ser educadora infantil.
           Durante sua adolescência cultiva diferentes paixões, como a fotografia, de viagens, a produção de peças pequenas com feltro. É bem conhecida como uma menina solar e amante da vida. Através da fé transmitida pelos pais, participa, na adolescência, de diferentes cursos organizados pelos frades de Assis, a marcha franciscana e duas viagens para a Terra Santa. Conhece padre Vito, seu pai espiritual, que a acompanha com amor no caminho rumo a Jesus. Durante uma de duas viagens para a Terra Santa, a de 2008, o Senhor fala forte no coração de Maria Chiara pedindo-lhe para "brilhar" (como indicado em vários depoimentos). Esta forte presença de Deus muito a assusta.
              Em 2010 Maria Chiara começa notando uma diferente dor no corpo para o qual nenhum médico foi capaz de chegar à causa do problema. Após várias verificações cuidadosas e consultar muitos médicos o problema é diagnosticado após exame histológico: um tumor raro no útero (leiomiossarcoma uterino), que geralmente está presente em mulheres mais velhas. Depois de perder o útero e ovários, Maria Chiara rebela-se com o Senhor levando uma vida desordenada e longe de Seu Amor.
            Apenas em 2013 tomou conhecimento da história de Chiara Corbella Petrillo via Facebook; lembra então da promessa de que o Senhor havia feito em Jerusalém e sente nela o desejo de uma morte santa e uma vida cheia de luz, a brilhar, como a de Chiara. Enquanto isso, o "monstro" continua a progredir tão rápido e implacável, e assim antes de comprometer sua bexiga, Maria Chiara retomou seus contatos com Padre Vito e a sua vida muda radicalmente. Se aproxima do Evangelho da Anunciação, na qual ele se vê e encontra toda a sua vida. Enquanto isso, sua saúde continua a deteriorar-se, mas, ela sabe disso e sempre vê esses fatos à luz de Deus, de modo a definir uma clara vocação, a do sofrimento.
           
   Durante este tempo Maria Chiara paradoxalmente encontra força em Deus Pai que nada falta aos seus filhos e passa seus derradeiros momentos para testemunhar o amor de Deus em sua vida em várias ocasiões. Deus dá a graça para realizar a "Way of Providence" com seu amigo fraterno Enrica, andando cerca de 115 km de Verna para Assis, sem dinheiro, comida e com um tumor no corpo debilitante, portanto, nenhuma certeza da sua forças físicas.
Funeral de Maria Chiara. Nota-se o véu de noiva em seu
caixão, alusão de seu enlace eterno com Cristo
           
             Maria Chiara subiu para o Pai em 13 de março de 2015, exatamente nove meses depois de ter sido chamado de "fruto de Chiara Corbella", durante uma celebração eucarística, depois que comungou do corpo de Cristo e receberam a bênção diretamente do mãos do padre Vito, como ela desejava, morrendo em comunhão com Ele em um abraço eterno. Seu funeral, no dia 16 de março, teve a presença de jovens de toda a Itália, sendo um evento anormal para a cidade de Sciacca, onde foi celebrado o Casamento Eterno de Maria Chiara com seu Amado. As pessoas do local nunca tinham visto tanta alegria e fé em um cortejo fúnebre!

Trechos do funeral de Maria Chiara



Nenhum comentário:

Postar um comentário