Padre Carlos Rogério Groh (1971 - 2008), foi um padre nascido em Brusque e que faleceu em Florianópolis, depois de ser acometido de um câncer na bexiga que o levou em apenas 5 meses. Ele era jovem, apenas 37 anos, e sempre alegre. Foi meu professor na faculdade de Teologia e também morei com ele no seminário Convívio Emaús durante os anos de 2006 e 2007.
Não éramos tão próximos, mas tenho boas lembranças do mesmo do tempo convivido com ele. Inteligente, amável e caridoso. Fui visitá-lo em suas últimas semanas no Hospital de Caridade e também em seu velório, na capela do bairro Guarani em Brusque, situações que me chocaram profundamente, pois nunca tinha visto alguém tão debilitado desta doença, bem como seu corpo no caixão, extremamente frágil.
Mas quero relatar nessas linhas, duas situações estranhas que tive a respeito do Pe. Rogério, anos depois de sua morte:
Em 2015, estava eu no bairro Guarani, em Brusque, jantando na casa de conhecidos, depois de participar de um evento acadêmico na Faculdade São Luiz. Já era por volta de 19h, e um pouco escuro, passei na frente da capela onde atrás era o cemitério que Pe. Rogério tinha sido sepultado. Curioso, resolvi entrar e tentar achar o seu túmulo. Porém, ao entrar, vi vários túmulos e era praticamente impossível pesquisar um por um em um cemitério relativamente grande. Porém, fixei meu olhar para minha diagonal esquerda e vi um túmulo longe, branco, que se destacava. Andei reto para este olhar, e me deparei com o túmulo do Pe. Rogério. Permaneci alguns minutos ali em silêncio.
Túmulo do Pe. Rogério Groh (Fonte: BillionGraves)
Em 2022, fui visitar uns amigos no bairro Rio Branco, em Brusque, e a rodovia Pedro Merísio estava com muitas filas. Como não suporto filas de trânsito, resolvi pegar algum caminho alternativo, mas o aplicativo de gps Waze me mandava para o mesmo lugar e esperar. Simplesmente voltei e fui seguindo pelo mapa do Google Maps, apenas me orientando geograficamente. No caminho alternativo, parei o carro para visualizar melhor no celular e tomar o rumo. Eu estacionei em um ponto da rua Ernesto Bianchini onde via uma placa "Toalhas Groh". Ao olhar com atenção, essa fábrica ficava em uma pequena rua que era defronte de onde eu havia estacionado: Rua Padre Carlos Rogério Groh.
Rua Padre Carlos Rogério Groh (Fonte: Google Maps)
Sinceramente, não tenho explicações para essas duas situações. Pode parecer apenas uma sensibilidade maior que tive por seu sofrimento e morte terem me chocado profundamente, uma coincidência ou qualquer outra coisa. Pe. Rogério foi uma ótima pessoa que passou por esta existência, as paróquias por onde passou têm uma excelente lembrança sua. Que descanse em paz!
Estou com câncer. Se chama dermatofibrosarcoma protuberans. É bem raro. No meu caso, ele está nas costas, na parte interna. Terei de realizar uma cirurgia delicada em breve. Essa situação me vem acompanhando há algum tempo e eu não sabia. Somente quando tirei uma parte do suposto tumor que vem me doendo desde o ano passado é que veio o diagnóstico após uma biópsia.
Dei um tempo das redes sociais. De todas. Algumas eu deletei, outras tirei o aplicativo. Parei de escrever. Apenas me dedico ao trabalho e à família. Não sei o que me espera em breve. No momento, as dores me acompanham, como num compasso musical, fazendo das minhas costas uma partitura para sua lenta e agoniante música.
E nessa ausência virtual me percebi sozinho. Eu, que sempre chamava os amigos para conversar, parei de fazê-lo. E a resposta foi o silêncio. Ninguém notou minha ausência. Vi que não era tão especial assim como eu pensava para as pessoas. Ou talvez eu tenha errado na minha vida social, a ponto das pessoas realmente terem se aliviado da minha falta. Tanto que acredito não ter leitores para essas linhas, e, mesmo que alguém leia, dificilmente irá entrar em contato comigo.
Por isso, no fim, sempre seremos só nós. O eu e o eu. Nascemos de um encontro, mas morremos no desencontro. A tal da empatia é apenas um conceito usado para aliviar as pessoas de uma culpa, pois ninguém realmente sabe da dor. É só aquele que sente.
O título dessa reflexão, Diante do fim, é uma alusão ao título de meu primeiro livro. Essa frase sempre me chamou a atenção. Desde o nascer, o fim nos acompanha. Na verdade, ele é uma espera constante, onde um pequeno cair de ombros, um deslize, um descuido, o recebe.
Cada vez está mais difícil viver um relacionamento saudável. Ao contrário do que muitos pensam, apesar das redes sociais encurtarem as distâncias, elas nos deixaram mais vulneráveis às tentações contemporâneas.
Tudo é muito líquido (parafraseando a teoria famosa de Baumann): conhecemos hoje, passamos juntos os momentos maravilhosos... quando o relacionamento cai na "mesmice", facilmente pendemos para o campo virtual a fim de salvá-lo do quase certo rompimento. Perdemos tempo virtualmente enquanto o carinho e afeto são menosprezados, pois o que poderia ser resolvido por um abraço é agora "discutido" no messenger.
É certo que estamos mais "juntos". Pois você vê o ser amado online, troca mensagens no whatsapp a hora que quer. Porém matamos a individualidade e demos lugar ao controle virtual.
Isso é muito prejudicial. O velho ditado, "quem procura, acha", acaba se concretizando de modo terrível em diversas situações: comentários e curtidas em fotos que não se esperam, retorno de pessoas que estavam "apagadas" da vida, papos "estranhos" no messenger... e por aí vai.
Até o
luto e o adeus do rompimento não são mais vividos: troca-se deamor como
se troca de camisa, interrompe-se o processo de reconstrução e reflexão
pessoal. Tornamo-nos
mais ansiosos, controladores e ciumentos, potencializados por uma rede que faz
nos bisbilhotar o ser agora ausente nas vida real que encontra-se online no mundo virtual.
Redes sociais são ruins para o relacionamento? É uma ponderação que necessita ser feita para o casal que se ama. Alguns afirmam que ela está apenas revelando quem o ser humano é, devido a excessiva liberdade e poder que dá ao ser humano individual. Outros, porém, colocam em cheque até que ponto a felicidade ganhou com essa neurose coletiva do "estar online" e "se mostrar online".
Amar
em tempos de redes sociais requer uma vigilância pessoal constante, autocontrole e, com relação ao coração, preparar-se mais para perdas do que ganhos.
A imagem da pessoa amada é tão forte que ela perdura mesmo
depois do término, do luto, do adeus. Por isso dissemos que nos apaixonamos
pela imagem de alguém do que propriamente pela pessoa. Amamos o que a pessoa
nos representa. A imagem é o ideal.
Pensemos
nos dois sentidos de imagem:
1) aquilo que aparece ser;
2) e no sentido literal
(fotos, etc.).
Quando conhecemos alguém,
percebemos primeiramente aquilo que aparece da pessoa: aparência física,
gestos, palavras. Tudo isso pode ser a pessoa como não pode ser. Lembrando que
tudo acaba sendo um ponto de vista, muitas vezes acabamos tendo uma percepção
tão pessoal, mas tão pessoal, que podemos ser cegados a ponto de não perceber
outros valores e/ou problemas que as pessoas podem nos mostrar.
As imagens
objetivas também possuem um poder extremo. Só conseguimos nos libertar de
alguém quando nos desapegamos da imagem dela. Quando falo imagem digo sim as
fotos, porta-retratos, etc. Das pessoas que aconselhei percebi que só
conseguiam uma libertação praticamente completa do seu antigo relacionamento
quando finalmente resolviam apagar as fotos das redes sociais, celular e
computadores. Um rompimento doloroso, que muitas vezes não quer ser feito, mas
que será necessário em um determinado momento.
Por que nos
apegamos tanto à imagem? A imagem é o ser que permanece. Por isso o catolicismo
possui em suas igrejas as imagens de santos, os hindus possuem estátuas de seus
deuses para simbolizar que eles ainda estão “vivos”. A imagem é isso: um
símbolo. O termo símbolo vem do grego
e significa “aquilo que une” (é o contrário da palavra diabo, originária do grego e que significa “aquilo que desune”).
Nosso psicológico se apega tanto à imagem da pessoa amada que leva um certo
tempo para desvencilhar-se dela. A imagem me faz unido à pessoa, faz dela
eterna. É um quadro bonito que pintei e não quero que se rasgue, pois o dia que
eu rasgar, terei que jogar fora para sempre.
Em 2017 farão 72 anos do final da
Segunda Guerra Mundial, e também quando os campos de concentração foram libertados
por soviéticos e estadunidenses das mãos dos carrascos nazistas.
Hoje, passado tanto tempo, vemos
com horror as atrocidades daqueles locais. Mas caso você vivesse naquela época,
não seria assim, provavelmente.
Você que
fala “bandido bom é bandido morto”, apoiaria sim os campos de concentração. Sim,
você é um nazista. É chocante, mas para melhor entender, voltemos a um aspecto
estético que era colocado nos prisioneiros: os triângulos de identificação, particularmente o rosa, o preto e o verde.
Relação dos triângulos colocados em prisioneiros de campos de concentração
Ficamos chocados
com os triângulos rosas colocados nos uniformes de homossexuais, mas caso
aprofunde-se mais, o homossexualismo era um rime sexual, então todos os outros
crimes nesse nível eram contemplados com esse símbolo. Estupradores e pedófilos
eram também postos nos mesmos galpões dos homossexuais com identificação do
triângulo rosa.
Os triângulos
pretos hoje são comumente referidos às prisioneiras de comportamento antissocial
(lésbicas, feministas), mas outros detentores foram esquecidos: prostitutas, alcoólatras
e sindicalistas tinham o triângulo preto costurado nas mangas das camisetas.
Por fim, os
triângulos verdes. Eram os criminosos comuns: assassinos e ladrões.
Talvez
lendo esse texto você identifique-se com o nazismo, ou soe escandalosa essa
minha afirmação. Lutar pela dignidade dos encarcerados não é defender crimes: é
evitar que eles sejam cometidos novamente por uma sociedade doente e com um
ciclo de violência cujos presídios fazem parte.
Ou
realmente você seja um nazista. Assuma seu posicionamento, ou ficarás como
aqueles cristãos que defendem a morte de criminosos, mas cultuam a figura de
Paulo, um assassino confesso convertido.
Nasceu no Rio de Janeiro-RJ (na
época Distrito Federal) em 21 de setembro de 1925, numa família de 4 irmãos.
Teve uma infância e juventude muito tranquila, sendo seu principal divertimento
frequentar praia e visitar museus e locais históricos. Seu pai tinha uma
indústria de tintas e sua mãe era do lar.
Com 18 anos de idade foi
convocado para o serviço militar (na época era menor de idade). Foi um choque
ser convocado, pois o Brasil estava em guerra com o Eixo. Foi se apresentar
numa unidade em Duque de Caxias, onde recebeu o uniforme e as primeiras
instruções (marcha, tiro, doutrinação militar). Foi transferido para um
batalhão de engenharia, em Triagem, onde havia vários catarinenses.
Posteriormente foi para um batalhão de guarda, na antiga avenida Pedro Livo.
Era um batalhão momentâneo a fim de distribuir as tropas.
Na rua São Francisco Xavier
estava pronto para o embarque o QG da Força Expedicionária Brasileira, e para
lá o jovem Ewaldo foi. Era dirigido pela 3ª sessão do Estado Maior, cujo chefe
era o então coronel Humberto de Alencar Castello Branco. Ficaram por ali alguns
meses organizando as funções e embarcaram em 2 julho de 1944 no 1º escalão. Mas
em vez de ir com o coronel Castello Branco, ele foi junto ao general Zenóbio da
Costa. Durante a viagem, o navio ia ziguezagueando para despistar possíveis
torpedeamentos alemães, e também eram feitos exercícios caso houvesse ataque, o
que assustavam muitos militares ali, pois era uma simulação real. Depois de 15
dias de navio, desembarcaram em Nápoles.
Para um jovem de 18 anos, vindo
da beleza do Rio de Janeiro, foi um choque ver a cidade de Nápoles praticamente
em ruínas, navios destruídos, incêndios. Os soldados foram para um terreno onde
havia um vulcão extinto, próximo ao porto, onde viam os outros navios chegando
e bombardeios dos alemães. Depois, foram de caminhão para Tenuta di San Rossore,
próximo à Pisa. Havia uma anedota que alemães vestiam-se de mulher para
infiltrar-se nos campos brasileiros e sequestrar soldados.
Ewaldo foi colocado à disposição
do general Zenóbio. Logo depois junta-se a eles o coronel Castello Branco com a
3ª sessão e o general Mascarenhas assume o comando geral da FEB, na 1ª Divisão
de Infantaria Expedicionária, tropa do QG, que ficava em Porreta Terme, na
região da Emilia Romanha. A função do sargento Ewaldo era registrar em mapas
todas as movimentações das tropas e as diretivas de combate. A FEB recebia as
orientações do 4º corpo do V Exército dos EUA. Foi ali em Porreta Terme que
nasce o famoso desenho da cobra fumando, emblema da Força Expedicionária
Brasileira. O próprio Ewaldo nos conta essa história (assista ao vídeo abaixo):
O QG fica em Porreta Terme até a
batalha de Monte Castelo ser finalizada (fevereiro de 1945); com o recuo dos
alemães, o QG é transferido várias vezes para várias localidades, até chegar em
Alessandria, onde ocuparam o local que tinha sido o comando alemão na Itália.
Sargento Ewaldo é o primeiro da direita para a esquerda
Ficou marcado para o jovem Ewaldo
o clima de destruição e morte, e como trabalhava no QG, as constantes
informações sobre perdas de militares. Perdeu dois amigos que tinham acabado de
chegar do Rio em um bombardeio ao lado do QG.
Viveu no coração da guerra,
justamente pelo contato com os altos oficiais brasileiros e norte-americanos.
Segundo ele, os comandantes eram sérios e compenetrados na missão, somente o
major Luiz Mendes da Silva era mais comunicativo.
Após o retorno ao Brasil, durante
um passeio em São Paulo, foi indicado pelo major Luiz para ir até a Escola
Técnica de Aviação falar com o irmão dele. Acabou arranjando emprego e foi
trabalhar na sessão de manutenção das aeronaves. Depois, dois instrutores da
escola convidaram Ewaldo para trabalhar com eles numa firma de importação de
peças de automóvel. Nesse meio tempo conheceu sua esposa Nair Verzola (nascida
em 23 de maio de 1923 em Dobrada-SP), que era nutricionista no Hospital das
Clínicas de São Paulo. Tiveram 3 filhos: Ney, Elcio e Marcio. Reside no bairro
Jabaquara, em São Paulo.
Ewaldo e sua esposa Nair
A
ele nossa gratidão por ter participado da luta pela democracia e liberdade dos
povos!
Quantas vezes sentimos saudade de um amor de verão? Essa conhecida expressão traz à tona todos aqueles amores que vivemos e foram suficientes para um período limitado de nossa vida.
Quem nunca os viveu? Há amores de poucas horas, de um dia, de um mês, de um ano. Se foram, mas não deveríamos pensar os motivos de não tê-los mais, porém agradecer pelos momentos e pela intensidade neles vivida.
Pode ter sido numa viagem, nas férias, ou até mesmo durante um pequeno café. Um retiro, um final de semana entre amigos, ou apenas um único momento que jamais será apagado das mentes.
Há realmente amores que não servem para ficar a vida inteira. Eles são intensos e servem para um determinado momento da nossa vida. Para montarmos pedacinhos de felicidade. Para olharmos no passado e termos motivos para sorrir.
Esses amores temporários nos construíram na nossa personalidade atual. Provavelmente não iriam mais adiante por uma série de fatores que só nos conhecemos. Mas sabemos que seremos certamente gratos a eles. Serão nossos motivos para olhar o passado e saber que fomos felizes, mesmo que em poucos momentos.
"Nada há mais suave na vida do que um jovem sonho de amor. A cada minuto, vida recomeça."(São Thomas Morus)